Desde o início da implantação do Porto do Açu, tenho lido e ouvido declarações sobre o compromisso ambiental das corporações responsáveis pela implantação do empreendimento. Primeiro foi o Grupo EBX que alardeou um programa para lá de ambicioso de recuperação florestal dentro da Reserva Particular de Proteção da Natureza (RPPN) da Fazenda Caruara. Depois, a herdeira do colapso de Eike Batista, a Prumo Logística continuou a propalar a mesma cantilena de responsabilidade ambiental (Aqui!).
A propaganda em torno da RPPN Fazenda Caruara foi tão boa que em 2013, a Federação de Indústrias do Rio de Janeiro (Firjan) concedeu à LL(X), o prêmio Firjan de Ação Ambiental na categoria Biodiversidade pelos seus supostos esforços de recuperação ambiental na propriedade.
Aliás, basta ver a imagem abaixo, tirada da página oficial da Prumo Logística para ver como o suposto compromisso em enriquecer a flora da RPPN Fazenda Caruara aparece em dois itens da pauta de ações ambientais com grande importância.
Pois bem, essa versão de responsabilidade ambiental dentro do Porto do Açu e do seu entorno não vão passar de fantasia rasgada caso a Prumo Logística não apareça com uma boa explicação para as imagens que seguem abaixo, e que me foram enviadas por um leitor deste blog que é nascido e criado em São João da Barra, e que viveu correndo pelas terras da Fazenda Caruara. Segundo me disse esse leitor em mensagem enviada ao endereço deste blog, o programa de recuperação ambiental da RPPN da Fazenda Caruara é apenas um mito corporativo, já que a maioria das mudas plantadas em boa parte da propriedade morreram por falta de cuidado e por erros crassos na escolha das espécies a ser utilizadas. Nas palavras do leitor/colaborador do blog, boa parte da área alvo do plantio de mudas hoje se parece com ” catacumbas de bambu”.
Mas vamos às imagens que me foram enviadas para que vejamos o aparente contraponto entre o discurso corporativo e a realidade no chão da RPPN da Fazenda Caruara.
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Estacas de bambu desacompanhadas das mudas que sustentava mostram alta taxa de mortalidade afetando os esforços de regeneração da RPPN Fazenda Caruara. |
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Aparente amontado de vegetação de restinga que teria sido removida de alguma área no interior da RPPN Fazenda Caruara. |
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Detalhe de um setor da imagem mostrada acima. |
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Número ainda maior de estacas de bambu desacompanhadas das mudas que deveriam estar protegendo, o que indica perda total no esforço de recuperação vegetal na RPPN Fazenda Caruara. |
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Muda morta, provavelmente em função da falta de irrigação durante o período de seca da RPPN Fazenda Caruara. |
Como acompanhei de perto um esforço de recuperação florestal na Amazônia brasileira por quase duas décadas, sei que essa não é uma atividade fácil e que necessita do tipo de envolvimento social alardeado pela Prumo Logístico Global em sua propaganda corporativa. Agora, o que está sendo mostrado é que no caso da suposta regeneração da RPPN Fazenda Caruara, estamos diante de um esforço insuficiente para garantir que se tenha efetivamente sucesso para o enriquecimento florestal da área.
Enquanto isso, a remoção da floresta de restinga que ocorreu na área do empreendimento foi bastante real e com efeitos duradouros para a sustentabilidade ambiental dos ricos ecossistemas que ali existem. E mais uma vez eu me pergunto: por onde andam os órgãos ambientais e o Ministério Público que deveriam estar cuidando da aplicação das leis ambientais e dos planos de contingência que deram base à emissão das licenças ambientais para a implantação do Porto do Açu? A ver!
10/08/2015
Blog do Pedlowski
http://blogdopedlowski.com/2015/08/10/jogando-luz-sobre-um-dos-mitos-do-porto-do-acu-o-da-gestao-sustentavel-dos-ecossistemas-de-entorno/
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Observatório Soberania Ambiental
Nosso Ambiente!
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